Rafael Lopes recebe o troféu de Melhor Jovem da Liga 2 Cabovisão, nos meses Agosto e Setembro. |
É um dos esposendenses do momento, chama-se Rafael Lopes e acedeu partilhar com o EsposenDEsportivo as suas expectativas para a presente temporada e para a sua (ainda jovem) carreira.
Pelo meio, um olhar ao futebol no Concelho de Esposende, onde deu os primeiros toques numa bola que poderá muito bem vir a rematar um dia, como sonha, no Santiago Bernabéu.
EsposenDEsportivo (ED) – Rafael, depois de dois anos a jogar na 1ª Liga, sente que este seu início fulgurante na 2ª Liga é o necessário passo atrás para dar depois dois à frente na sua carreira?
Rafael Lopes (RL) – Não considero que se trate, propriamente, de um passo atrás, mas sim de um passo ao lado. Afinal, tanto o Penafiel como o Moreirense estão a disputar a mesma Liga.
ED – Está, como se costuma dizer, com a pontaria afinada. Qual é a sua meta, para esta época, de golos a marcar?
RL – As coisas têm corrido bem graças a Deus. Tenho conseguido fazer boas exibições e ajudar a equipa que é o mais importante. Pessoalmente, não coloquei nenhuma meta de golos porque ambiciono fazer o máximo possível.
ED – Decorridas 14 jornadas, o Penafiel encontra-se em 2.º lugar, a 1 ponto do 1º classificado (Moreirense). Temos candidato aos lugares de subida?
RL – O principal objectivo do Penafiel, para esta época, é a manutenção, a qual pretendemos assegurar o mais rápido possível. Só depois de estar assegurada é que poderemos pensar em outros propósitos maiores.
ED – Na época passada, Belenenses (durante toda a prova) e Sporting B (durante larga parte da época), destacaram-se cedo da restante concorrência. Este ano as coisas parecem mais equilibradas. Na sua opinião, vamos ter luta até ao fim, ou no final da primeira volta poderemos bem vir a ter um lote reduzido de candidatos à subida já definido?
RL – Este ano as coisas estão muito diferentes por contraponto com a temporada passada. A 2ª Liga por si já é muito competitiva, mas esta época julgo que será ainda mais. Relativamente aos candidatos à subida, considero que só mesmo na parte final do campeonato é que se irão definir as equipas, pois ainda faltam muitos jogos por disputar.
Rafael Lopes não fecha portas a uma aventura no estrangeiro. |
«Em Portugal não se aposta muito na formação, nem em jogadores portugueses»
ED – Que experiências, para o bem e para o mal, retirou dos seus dois anos de 1ª Liga e que considera fundamentais para o seu crescimento como atleta?
RL – Nesses dois anos na 1.ª Liga aprendi muito e cresci muito, tanto como jogador, como pessoa.
ED – Por que é que da última Seleção Nacional sub-20 que foi a uma final, a que pertenceu, passados dois anos, só um jogador é titular nos Grandes (Cédric), quando em 1991, a última vez que Portugal tinha estado numa final, dessa equipa muitos deles saltaram logo para as primeiras equipas dos Grandes (Rui Costa, Figo, Peixe, Nélson, etc.)
RL – Essa é uma pergunta muito frequente em Portugal e que vai continuar a ser colocada. Em Portugal não se aposta muito na formação, nem em jogadores portugueses. Pessoalmente, considero que se deveria apostar mais nos jogadores portugueses, em vez de se gastarem milhões em jogadores vindos de fora que muitas vezes têm o mesmo valor dos jogadores locais ou mesmo até pior qualidade.
ED – Considera que no futebol português atual poderá fazer toda a diferença, relativamente às oportunidades que são dadas pelos principais clubes portugueses, chamar-se «Rafael Lopic» ou «Rafael Lopez» do que Rafael Lopes?
RL – É provável que se me chamasse Rafa Lopez talvez desse mais nas vistas, mas não creio que esse aspecto seja o mais determinante.
ED – Hoje muitos jovens jogadores portugueses trocam desde cedo a experiência de 1ª Liga por outros campeonatos. Em termos de plano de carreira, para um jovem português poderá compensar jogar, por exemplo, pelo título do campeonato romeno ou cipriota e, com isso, jogar na Champions do que tentar primeiro consolidar a carreira na 1ª Liga ainda que num Clube que tenha como meta a permanência? Admite essa perspetiva para a sua carreira?
RL – Gostava de jogar um dia no estrangeiro, mas desde que fosse para um clube bom e com um projecto sólido. Jogar no estrangeiro por jogar nem sempre é benéfico para a carreira. Muitas das vezes, o atleta cai no esquecimento, tornando difícil prosseguir a sua carreira ao mais alto nível.
O avançado não esquece a sua passagem pela AD Esposende, nem as pessoas que encontrou no clube. |
«Se a maioria arriscar em ir treinar a um bom clube, poderemos, em breve, ter mais jogadores de Esposende a dar o salto e a destacarem-se»
RL – Acima de tudo guardo os amigos que aí fiz. Mas passei alguns bons momentos na ADE enquanto lá joguei.
ED – Algum treinador que o tenha marcado nesses tempos na ADE?
RL – Aprendi sempre, e muito, com cada treinador que apanhei ao longo do meu percurso. Dos tempos em que joguei no Esposende, recordo-me muito do Senhor Pereira.
ED – Num Concelho onde são raros os casos de jovens futebolistas que chegam tão longe (1ª Liga e Seleção Nacional), o facto de ter sido o mais bem sucedido na sua geração, representa acréscimo de responsabilidade?
RL – Não acho que seja um acréscimo de responsabilidade, mas sim um orgulho. De qualquer modo, acredito que casos como o meu, no Concelho, irão acontecer mais vezes. Atualmente, existem bons jogadores em Esposende. O facto de alguns ainda não terem sobressaído deve-se, nuns casos, a não serem muito bem acompanhados e, noutros casos, ao receio de treinar num bom clube e tentar a sua sorte. No entanto, não tenho dúvidas que se a maioria arriscar em ir treinar a um bom clube, poderemos, em breve, ter mais jogadores de Esposende a dar o salto e a destacarem-se.
ED – Um aspecto muito curioso da votação de melhor jogador jovem da 2ª Liga para os meses de Agosto e Setembro, foi o facto de os dois primeiros classificados (Rafael Lopes e Tozé) serem ambos do mesmo Concelho. Que reação lhe merece?
RL – Isso é muito bom tanto para mim como para o Tozé, e para o Concelho também. É mais um motivo para encorajar os jogadores do Concelho a acreditarem e lutarem pelas suas carreiras.
ED – Os clubes do concelho de Esposende atravessam um período de alguma dificuldade. Por várias vezes se tem questionado se não valerá a pena ao Concelho ter antes um clube forte, resultante da junção de vários, do que muitos clubes dispersos. Considera que poderá passar por aí maior visibilidade e competitividade do futebol do concelho de Esposende?
RL – Eu já defendo essa opinião há muito tempo! Se o Concelho juntasse os seus melhores jogadores e formasse apenas uma equipa, teríamos um Clube muito forte e com melhores possibilidades de lançar bons jogadores esposendenses, seja para clubes mais competitivos, seja para outras ligas.
- BREVÍSSIMAS -
1. Falcão ou Drogba? Drogba.
2. Cristiano Ronaldo ou Messi? Ronaldo.
3. Premier League ou Liga Espanhola? Premier League.
4. Melhor golo da carreira até agora? Pela Selecção Nacional.
5. Um estádio aonde adoraria jogar um dia? Santiago Bernabéu.
6. FIFA 14 ou PES 2014? PES 14.
7. Lugar favorito em Esposende? A casa dos meus pais.
Entrevista realizada por: Francisco Melo
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